quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Nem só de vitórias é escrita a história. Cinquenta anos da decisão do Torneio Norte/Nordeste.

 



Na foto, publicada no jornal A Província do Pará, o lateral tricolor Augusto tenta, sem sucesso, evitar o gol do Remo, no Estádio Baenão, em Belém/PA.

Ontem, 8 de dezembro, completou-se 50 anos da decisão do Torneio Norte/Nordeste protagonizada pelo Itabaiana e pelo clube paraense.

Após um empate em 0x0 no Batistão, em Aracaju, a finalíssima ficou para a capital paraense, três dias depois.

A decisão já começou quente nos bastidores. Segundo jornal paraense: "O único problema (e que acabou não sendo resolvido de comum acôrdo) residia na determinação do horário, pois os dirigentes remistas queriam que o jôgo fôsse à tarde, enquanto os sergipanos, escudados no Regulamento do Campeonato (que diz que jogos às quartas-feiras serão realizados no horário noturno), fincavam o pé e impunham que o horário fôsse mantido."

O objetivo do Clube do Remo era claro: trazer o jogo para à tarde, a fim de desgastar os atletas tricolores, desacostumados com o clima quente e úmido da capital paraense.

O Tremendão perdeu a queda de braço e o jogo foi mesmo realizado em uma tarde de quarta-feira. O Tricolor da Serra foi derrotado por 2x0, com gols de Rubilota, aos 15' e 27' do segundo tempo.

O jornal A Gazeta de Sergipe de 10/12/1971 destacou: "REMO GANHOU. JUIZ PREJUDICOU O ITABAIANA - O Clube do Remo sagrou-se na última quarta-feira campeão do Norte-Nordeste, ao derrotar a equipe da Associação Olímpica de Itabaiana pelo marcador de dois tentos a zero, com os gols sendo assinalados por Rubilota, o primeiro contando com a ajuda do juiz e do bandeirinha Jaime Batista, em peleja que foi assistida por mais de dez mil pessoas."

Prossegue o matutino sergipano: "O jôgo foi iniciado às 14:30 horas, debaixo de forte calor e até os doze minutos as duas equipes apenas tocavam a bola no meio do campo, com o Itabaiana mostrando maior volume de jôgo, até que aos 13 minutos o Clube do Remo, incentivado pela sua numerosa torcida, fazia um ataque pela esquerda através de Neves, que depois de bater Augusto, centrou para Carlitinho de cabeça mandar a pelota raspando o travessão da meta defendida pelo arqueiro Marcelo. A equipe serrana não se impressionou com a fúria do 'Leão Azul' e aos 15 minutos Horácio, aproveitando a sobra de um escanteio cobrado pela esquerda, emendar de primeira e o arqueiro Dico praticar sensacional defesa. Daí para frente os dois ataques começaram a chutar de qualquer local, sem oferecer perigo às metas adversárias, salvo em alguns lances isolados, como aos 24 minutos, quando Rubilota recebeu o toque na cobrança de uma falta, colocando a redonda no canto esquerdo de Marcelo que praticou uma espetacular defesa, arrancando os aplausos do numeroso público que lotava as dependências do Estádio Evandro Almeida. Aos 26 minutos, Piranha, de calcanhar, deslocava completamente o excelente guarda-valas Dico, mas a tarde não era do Tricolor Serrano e a bola passou raspando a trave. Finalmente aos 33 minutos Edmilson perdia um gol feito, após um trabalho de Piranha. Neste lance o árbitro da partida e o bandeira Jaime Batista já davam mostra do que haveriam de fazer, marcando impedimento do lance em que Edmilson perdeu o gol. Logo aos quatro minutos da segunda etapa, Humberto perdia o controle da bola e Rubilota tentava abrir a contagem chutando por fora. Aos quinze minutos Alcino recebeu pela direita, passou por Paulo, que escorregou, e deu para Rubilota, em completo impedimento, que marcou o que seria o primeiro gol do Clube do Remo. Aos 20 minutos, o juiz com a ajuda do bandeira Paulo Bezerra, marcava impedimento de Piranha no momento em que o atacante ia marcar o gol do empate, mesmo com a bola batendo no zagueiro Valdemar. Aos 23 minutos, o mesmo Paulo Bezerra levanta a bandeira marcando impedimento inexistente do atacante Horácio. Aos 27 minutos Rubilota recebeu de Jeremias e sem ângulo atirou forte. Marcelo tentou defender, fêz mal e a bola entrou, caindo assim, pela segunda vez, a meta do Itabaiana. Foi árbitro da partida, com péssima atuação, o maranhense Wilson de Morais Vanlume, auxiliado pelos 'patriotas' Paulo Bezerra e Jaime Batista, verdadeiros homens de defesa, que a todo instante barravam o ataque serrano, marcando até 'perigo de gol'. A renda da partida somou a importância de Cr$ 50.968,00".

Os quadros tiveram a seguinte formação - ITABAIANA: Marcelo, Augusto, Humberto, Paulo Preto e Messias; Gustinho, Bené e Zequinha; Edmilson Santos (Zé Carlos Queixada), Piranha e Horácio (Carlos Alberto Bolero); Remo: Dico, Mendonça, Mesquita, Valdemar e Edilson; Tito, Jeremias (Elias) e Carlitinho; Ernani (Alcino), Rubilota e Neves.

O jornal A Província do Pará destacou, ainda: "O Itabaiana lutou até o fim. Até o fim mesmo. Vitória limpa, em jôgo corrido. Os sergipanos, quando terminou a luta, choraram muito. Porque suaram a camisa como poucos. Foram leais e bons adversários, êles. O melhor é que a torcida soube corresponder e os respeitou".

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